Tecnologia Científica

1 em cada 5 mortes causadas por emissaµes de combusta­veis fa³sseis
Estudo encontra o número de mortes mais alto do que se pensava anteriormente
Por Leah Burrows - 11/02/2021


Pexels / Pixabay

Mais de 8 milhões de pessoas morreram em 2018 de poluição por combusta­vel fa³ssil, significativamente maior do que a pesquisa anterior sugerida, de acordo com uma nova pesquisa da Harvard University, em colaboração com a University of Birmingham, University of Leicester e University College London. Os pesquisadores estimaram que a exposição apartículas de emissaµes de combusta­veis fa³sseis foi responsável por 18 por cento do total de mortes globais em 2018 - um pouco menos de 1 em 5.

As regiaµes com as maiores concentrações de poluição do ar relacionada aos combusta­veis fa³sseis - incluindo o Leste da Amanãrica do Norte, Europa e Sudeste Asia¡tico - tem as maiores taxas de mortalidade, de acordo com o estudo publicado na revista Environmental Research.

O estudo aumenta muito as estimativas do número de mortos pela poluição do ar. O mais recente Global Burden of Disease Study, o maior e mais abrangente estudo sobre as causas da mortalidade global, calculou o número total de mortes globais por todas aspartículas transportadas pelo ar - incluindo poeira e fumaa§a de incaªndios florestais e queimadas agra­colas - em 4,2 milhões.

As descobertas ressaltam o impacto prejudicial dos combusta­veis fa³sseis na saúde global.

Como os pesquisadores chegaram a um número tão alto de mortes causadas por combusta­veis fa³sseis?

Pesquisas anteriores basearam-se em observações de satanãlite e desuperfÍcie para estimar as concentrações anuais médias globais departículas aanãreas, conhecidas como PM 2.5 . O problema éque as observações de satanãlite e desuperfÍcie não conseguem diferenciar aspartículas das emissaµes de combusta­veis fa³sseis e as da poeira, fumaa§a de incaªndio ou outras fontes.

“Com os dados de satanãlite, vocêestãovendo apenas pea§as do quebra-cabea§a”, disse Loretta J. Mickley, coautora e co-autora da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas (SEAS) de Harvard John A. Paulson. do estudo. “a‰ um desafio para os satanãlites distinguir entre os tipos departículas e pode haver lacunas nos dados.”

Para superar esse desafio, os pesquisadores de Harvard recorreram ao GEOS-Chem, um modelo 3D global de química atmosfanãrica liderado no SEAS por Daniel Jacob, o professor de química atmosfanãrica e engenharia ambiental da familia Vasco McCoy. Estudos anteriores usaram o GEOS-Chem para modelar os impactos do material particulado na saúde e seus resultados foram validados em comparação com observações desuperfÍcie, aeronaves e espaciais em todo o mundo.

“Nãopodemos, em sa£ consciência, continuar a depender de combusta­veis fa³sseis, quando sabemos que existem efeitos tão graves na saúde e alternativas via¡veis ​​e mais limpas.”

- Eloise Marais, University College London

Para um modelo global, GEOS-Chem tem alta resolução espacial, o que significa que os pesquisadores podem dividir o globo em uma grade com caixas tão pequenas quanto 50 km x 60 km e observar os na­veis de poluição em cada caixa individualmente.

“Em vez de depender de médias espalhadas por grandes regiaµes, quera­amos mapear onde estãoa poluição e onde as pessoas vivem, para que pudanãssemos saber mais exatamente o que as pessoas estãorespirando”, disse Karn Vohra, uma estudante graduada da Universidade de Birmingham e primeira autora do estudo. Vohra éaconselhado pela co-autora Eloise Marais, ex-pa³s-doutoranda em Harvard, agora professora associada do Departamento de Geografia da UCL.

Para modelar PM 2.5 gerado pela combustão de combusta­vel fa³ssil, os pesquisadores se conectaram a s estimativas GEOS-Chem de emissaµes de vários setores, incluindo energia, indaºstria, navios, aeronaves e transporte terrestre e simulou química oxidante-aerossol detalhada conduzida por meteorologia da NASA Global Modeling e Escrita³rio de Assimilação. Os pesquisadores usaram dados de emissão e meteorologia principalmente de 2012 porque foi um ano não influenciado pelo El Nia±o, que pode piorar ou amenizar a poluição do ar, dependendo da regia£o. Os pesquisadores atualizaram os dados para refletir a mudança significativa nas emissaµes de combusta­veis fa³sseis da China, que caa­ram cerca da metade entre 2012 e 2018.

“Embora as taxas de emissão sejam dina¢micas, aumentando com o desenvolvimento industrial ou diminuindo com políticas de qualidade do ar bem-sucedidas, asmudanças na qualidade do ar na China de 2012 a 2018 são as mais drama¡ticas porque a população e a poluição do ar são grandes”, disse Marais. “Cortes semelhantes em outrospaíses durante esse período não teriam um impacto tão grande no número global de mortalidade.”

A combinação dos dados de 2012 e 2018 da China deu aos pesquisadores uma imagem mais clara das taxas globais de emissão de combusta­veis fa³sseis em 2018.

Assim que obtiveram a concentração de PM 2.5 de combusta­vel fa³ssil externo , os pesquisadores precisaram descobrir como esses na­veis afetavam a saúde humana. Embora se saiba hádécadas que aspartículas transportadas pelo ar são um perigo para a saúde pública, existem poucos estudos epidemiola³gicos para quantificar os impactos na saúde em na­veis muito elevados de exposição, como os encontrados na China ou andia. Pesquisas anteriores converteram os riscos a  saúde de exposições internas a  fumaa§a de segunda ma£o para estimar os riscos de PM 2,5 ao ar livre nesses na­veis elevados. No entanto, estudos recentes da asia descobriram que essa abordagem subestima substancialmente o risco em altas concentrações de poluição do ar externo.

Os coautores Alina Vodonos e Joel Schwartz, Professor de Epidemiologia Ambiental na Escola de Saúde Paºblica de Harvard TH Chan (HSPH), desenvolveram um novo modelo de avaliação de risco que vinculou os na­veis de concentração departículas das emissaµes de combusta­veis fa³sseis aos resultados de saúde.

Este novo modelo encontrou uma taxa de mortalidade mais alta para a exposição de longo prazo a s emissaµes de combusta­veis fa³sseis, inclusive em concentrações mais baixas.

“Frequentemente, quando discutimos os perigos da combustão de combusta­veis fa³sseis, éno contexto do CO 2 e dasmudanças climáticas e negligenciamos o impacto potencial a  saúde dos poluentes coemitidos com gases de efeito estufa”, disse Schwartz. “Esperamos que, ao quantificar as consequaªncias da queima de combusta­veis fa³sseis para a saúde, possamos enviar uma mensagem clara aos formuladores de políticas e partes interessadas sobre os benefa­cios de uma transição para fontes de energia alternativas.”

A pesquisa ressalta a importa¢ncia das decisaµes políticas, disse Vohra.

Os pesquisadores estimam que a decisão da China de cortar suas emissaµes de combusta­veis fa³sseis quase pela metade salvou 2,4 milhões de vidas em todo o mundo, incluindo 1,5 milha£o na China, em 2018.

“Nosso estudo aumenta as evidaªncias de que a poluição do ar pela dependaªncia conta­nua de combusta­veis fa³sseis éprejudicial a  saúde global”, disse Marais. “Nãopodemos, em sa£ consciência, continuar a depender de combusta­veis fa³sseis, quando sabemos que existem efeitos tão graves na saúde e alternativas via¡veis ​​e mais limpas.”

Esta pesquisa foi apoiada pelo Fundo Global Wallace, Fundo para o Meio Ambiente e Saúde (EHF) de Israel, Agência de Proteção Ambiental e bolsa de estudos de PhD da University of Birmingham Global Challenges. 

 

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