Tecnologia Científica

A ciência das sestas
Nova pesquisa revela a base genanãtica para cochilos diurnos
Por Timothy Gower - 11/02/2021


Bernard Bodo / iStock

A frequência com que uma pessoa tira cochilos diurnos, se éque cochila, éparcialmente regulada por seus genes, de acordo com uma nova pesquisa conduzida por pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH) afiliado a Harvard e publicado na  Nature Communications .

Neste estudo, o maior do gaªnero já realizado, a equipe do MGH colaborou com colegas da Universidade de Murcia, na Espanha, e de várias outras instituições para identificar dezenas de regiaµes genanãticas que controlam a tendaªncia de cochilar durante o dia. Eles também descobriram evidaªncias preliminares ligando os hábitos de cochilar a  saúde cardiometaba³lica.

“Cochilar éum tanto quanto controverso”, diz Hassan Saeed Dashti do MGH Center for Genomic Medicine, co-autor do relatório com Iyas Daghlas, estudante de medicina da Harvard Medical School (HMS). Dashti observa que algunspaíses onde os cochilos diurnos fazem parte da cultura (como a Espanha) agora desencorajam o ha¡bito. Enquanto isso, algumas empresas nos Estados Unidos agora promovem a soneca como forma de aumentar a produtividade. “Foi importante tentar separar as vias biológicas que contribuem para o motivo do cochilo”, diz Dashti.

Anteriormente, a coautora saªnior Richa Saxena, pesquisadora principal do Laborata³rio Saxena no MGH, e seus colegas usaram bancos de dados enormes de informações genanãticas e de estilo de vida para estudar outros aspectos do sono. Notavelmente, a equipe identificou genes associados a  duração do sono, insa´nia e a tendaªncia de acordar cedo ou "coruja da noite". Para obter uma melhor compreensão da genanãtica da soneca, a equipe de Saxena e coautora saªnior Marta Garaulet do departamento de fisiologia da Universidade de Murcia, realizou um estudo de associação do genoma (GWAS), que envolve a varredura rápida de conjuntos completos de DNA, ou genomas, de um grande número de pessoas. O objetivo de um GWAS éidentificar variações genanãticas que estãoassociadas a uma doença especa­fica ou, neste caso, ha¡bito.

Para este estudo, os pesquisadores do MGH e seus colegas usaram dados do UK Biobank, que inclui informações genanãticas de 452.633 pessoas. Todos os participantes foram questionados se cochilavam durante o dia "nunca / raramente", "a s vezes" ou "normalmente". O GWAS identificou 123 regiaµes no genoma humano que estãoassociadas ao cochilo diurno. Um subconjunto de participantes usava monitores de atividade chamados acelera´metros, que fornecem dados sobre o comportamento sedenta¡rio durante o dia, o que pode ser um indicador de cochilo. Esses dados objetivos indicaram que os autorrelatos sobre o cochilo foram acurados. “Isso deu uma camada extra de confianção de que o que encontramos éreal e não um artefato”, diz Dashti.

Va¡rios outros recursos do estudo reforçam seus resultados. Por exemplo, os pesquisadores reproduziram independentemente suas descobertas em uma análise dos genomas de 541.333 pessoas coletadas pela 23andMe, a empresa de testes genanãticos de consumo. Além disso, um número significativo de genes pra³ximos ou em regiaµes identificadas pelo GWAS já são conhecidos por desempenhar um papel no sono. Um exemplo éo  KSR2 , um gene que a equipe do MGH e colaboradores já haviam encontrado desempenha um papel na regulação do sono.

Aprofundando os dados, a equipe identificou pelo menos três mecanismos potenciais que promovem o cochilo:

Propensão ao sono: algumas pessoas precisam mais dormir do que outras.
Sono interrompido: um cochilo diurno pode ajudar a compensar o sono de ma¡ qualidade na noite anterior.
Despertar de manha£ cedo: Pessoas que acordam cedo podem “recuperar o sono” com um cochilo.

“Isso nos diz que o cochilo diurno ébiologicamente direcionado e não apenas uma escolha ambiental ou comportamental”, diz Dashti.

Alguns desses subtipos foram associados a problemas de saúde cardiometaba³lica, como grande circunferaªncia da cintura e pressão arterial elevada, embora sejam necessa¡rias mais pesquisas sobre essas associações.

“Trabalhos futuros podem ajudar a desenvolver recomendações personalizadas para a sesta”, diz Garaulet.

Além disso, várias variantes do gene ligadas ao cochilo já estavam associadas a  sinalização por um neuropepta­deo chamado orexina, que desempenha um papel na viga­lia. “Esta via éconhecida por estar envolvida em distúrbios raros do sono, como a narcolepsia, mas nossos resultados mostram que perturbações menores na via podem explicar por que algumas pessoas cochilam mais do que outras”, diz Daghlas.

Saxena éPhyllis e Jerome Lyle Rappaport MGH Research Scholar no Center for Genomic Medicine e professora associada de anestesia no HMS.

O trabalho foi apoiado pelo Instituto Nacional de Diabetes e Doena§as Digestivas e Renais, Instituto Nacional do Coração, Pulma£o e Sangue, Fundo Escolar de Pesquisa MGH, Governo Espanhol de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, Comunidade Auta´noma da Regia£o de Murcia atravanãs do Fundação Seneca, Academia da Finla¢ndia, Fundação Cienta­fica Instrumentarium, Fundação Yrja¶ Jahnsson e Conselho de Pesquisa Manãdica.

 

.
.

Leia mais a seguir