Tecnologia Científica

Pesquisa refina manãtodo que usa radiação para conservar acervos hista³ricos
A radiaa§a£o gama pode ser usada para proteger filmes fotogra¡ficos e cinematogra¡ficos da degradaa§a£o causada pelas condia§aµes ambientais. A dose necessa¡ria éde 6 a 10 quilos gray (kGy)
Por Beatriz Azevedo - 11/02/2021


A radiação éuma técnica utilizada na conservação de acervos hista³ricos e serve para proteção, desinfestação e desinfecção de materiais contaminados com insetos e fungos osFoto: Reprodução
 
A aplicação de radiação éuma técnica de conservação de acervos hista³ricos utilizada para proteção, desinfestação e desinfecção de materiais contaminados com insetos e fungos. A historiadora Maria Luiza Emi Nagai determinou o intervalo de doses de radiação gama e feixe de elanãtrons necessa¡rio para proteger filmes fotogra¡ficos e cinematogra¡ficos, sem alterar a composição do material. Os resultados mostraram que a dose ideal de radiação a ser aplicada com segurança nos filmes éde 6 a 10 quilos gray (kGy) osunidade de medida que representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida por unidade de massa. 

O vasto acervo bibliogra¡fico da USP conta com filmes fotogra¡ficos e cinematogra¡ficos compostos de triacetato de celulose, que émuitosensívela s condições ambientais de temperatura e umidade. Umidade acima de 50% já comea§a a degradar os filmes em um processo chamado desacetilação. Esse processo éconhecido como “sa­ndrome do vinagre”, porque filmes com essa composição contem a¡cido acanãtico (vinagre) em sua fa³rmula. Iniciada a degradação, o material comea§a a se desfazer, liberando o cheiro forte do a¡cido. 

“Os filmes tem várias camadas e quando a sa­ndrome do vinagre comea§a, elas comea§am a se desintegrar, deixando-os quebradia§os”, explica Maria Luiza ao Jornal da USP. A radiação tem o poder de modificar os materiais e, nos filmes, ela atua conferindo maior resistência. 

A pesquisa foi realizada durante o mestrado de Maria Luiza pelo Programa de Pa³s-Graduação em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (Ipen/USP), sob orientação do professor Pablo Antonio Va¡squez Salvador, do Ipen.

A metodologia

Para a determinação da quantidade de radiação necessa¡ria para proteger os filmes, a pesquisadora utilizou o irradiador multipropa³sito de cobalto-60 do Centro de Tecnologia das Radiações do Ipen e filmes separados para descarte das bibliotecas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), ambas da USP. Foi feita uma análise seletiva de filmes que poderiam ser destrua­dos no processo, para entender os efeitos da radiação gama nos filmes.

Os filmes selecionados foram caracterizados e identificados por espectroscopia infravermelho (FTIR-ATR). “Eu não tinha certeza sobre a composição dos filmes, não sabia se eles eram realmente de triacetato de celulose. Precisei fazer essa análise para me certificar”, conta Maria Luiza. 

Logo depois da caracterização, a pesquisadora dividiu a amostra de filmes em vários pedaço s, que receberam doses de radiação. Assim, ela foi capaz de analisar os efeitos da radiação no material e entender o intervalo que não causa dano ao material, sendo responsável por ajudar na conservação. “Um dos maiores desafios foi saber quais eram os efeitos da deterioração e quais eram os da radiação”, diz.    

Foi preciso levar em conta os diferentes graus de deterioração em que estavam os filmes. Aténas mesmas unidades háuma diferença porque pode ser que um dos lados tenha estado mais exposto a  umidade do que o outro, por exemplo. Por isso, foi preciso levar em conta o estado da amostra para determinação do resultado.

Resultados

A pesquisa mostrou que a dose de radiação necessa¡ria para proteger o material e eliminar fungos e insetos, sem danos, éde 6 a 10 kGy. “Com o estudo, épossí­vel constatar que a radiação promove aumento da estabilidade dos filmes, o que épositivo porque, no caso de o material estar se danificando a ponto de ser perdido em um futuro pra³ximo, háchance de aplicar radiação para conseguir digitaliza¡-lo”, conclui a historiadora.

 

.
.

Leia mais a seguir