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A mutação na protea­na spike SARS-CoV-2 torna o va­rus atéoito vezes mais infeccioso
O estudo, liderado por pesquisadores da New York University, do New York Genome Center e do Mount Sinai, corrobora as descobertas de que a mutaa§a£o D614G torna o SARS-CoV-2 mais transmissa­vel.
Por New York University - 17/02/2021


Pixabay

Uma mutação na protea­na spike do SARS-CoV-2 - uma das várias mutações genanãticas nas variantes preocupantes que surgiram no Reino Unido, áfrica do Sul e Brasil - torna o va­rus atéoito vezes mais infeccioso em células humanas do que o Va­rus inicial originado na China, segundo pesquisa publicada na revista eLife .

O estudo, liderado por pesquisadores da New York University, do New York Genome Center e do Mount Sinai, corrobora as descobertas de que a mutação D614G torna o SARS-CoV-2 mais transmissa­vel.

"Nos meses desde que conduzimos este estudo inicialmente, a importa¢ncia da mutação D614G cresceu: a mutação atingiu uma prevalaªncia quase universal e estãoinclua­da em todas as variantes atuais de preocupação", disse Neville Sanjana, professor assistente de biologia da NYU, assistente professor de Neurociênciae fisiologia na NYU Grossman School of Medicine e membro do corpo docente do New York Genome Center. "Confirmar que a mutação leva a mais transmissibilidade pode ajudar a explicar, em parte, por que o va­rus se espalhou tão rapidamente no ano passado."

A mutação D614G na protea­na spike SARS-CoV-2 - comumente referida como a "variante G" - provavelmente surgiu no ini­cio de 2020 e agora éa forma mais prevalente e dominante do va­rus SARS-CoV-2 nos Estados Unidos e em muitospaíses ao redor do globo. Com maºltiplas mutações circulando, os pesquisadores tem trabalhado para entender o significado funcional dessas mutações e se elas mudam significativamente o quanto infeccioso ou mortal éo va­rus.

Neste estudo, os pesquisadores introduziram um va­rus com a mutação D614G nas células do pulma£o, fígado e ca³lon humanos. Eles também introduziram a versão do "tipo selvagem" do coronava­rus - a versão do va­rus sem a mutação encontrada no ini­cio da pandemia - nesses mesmos tipos de células para comparação.

Eles descobriram que a variante D614G aumentou a transdução, ou transmissibilidade, do va­rus em atéoito vezes em comparação com o va­rus original. Os pesquisadores também descobriram que a mutação da protea­na spike tornou o va­rus mais resistente a ser clivado ou dividido por outras protea­nas. Isso fornece um possí­vel mecanismo para o aumento da capacidade da variante de infectar células, já que a variante mais resistente resultou em uma proporção maior de protea­na spike intacta por va­rus.

"Com nossa configuração experimental , somos capazes de avaliar rápida e especificamente a contribuição do G614 e de outras mutações para o aumento da disseminação do SARS-CoV-2", disse Tristan Jordan, um pa³s-doutorado no tenOever Lab no Monte Sinai e coprimeiro autor do estudo.
 
“Entrando neste projeto, não saba­amos realmente se a mutação D614G teria algum efeito funcional, já que sua ampla disseminação poderia ser devido a um efeito fundador, onde uma variante se torna dominante porque um pequeno número de indivíduos a espalhou amplamente por acaso. , nossos dados experimentais eram bastante inequa­vocos - a variante D614G infecta células humanas com muito mais eficiência do que o tipo selvagem ", disse Zharko Daniloski, pa³s-doutorado no laboratório de Sanjana na NYU e no New York Genome Center e coautor do estudo.

As descobertas da equipe se juntam a um consenso crescente entre os cientistas de que a variante D614G émais infecciosa; isso também foi demonstrado em estudos que aparecem no Cell por pesquisadores do Laborata³rio Nacional de Los Alamos, na Nature por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte e em Ciências por pesquisadores da Universidade do Texas. No entanto, ainda não estãoclaro se a variante e sua rápida disseminação tem um impacto cla­nico na progressão da doença COVID-19, já que vários estudos sugerem que a variante D614G não estãoassociada a doença mais grave ou hospitalização.

Os pesquisadores observam que as descobertas sobre o aumento da transmissibilidade da variante D614G podem influenciar o desenvolvimento da vacina COVID-19e, em particular, pode ser benanãfico para futuras doses de reforço incluir diversas formas da protea­na de pico de diferentes variantes circulantes. As vacinas com autorização de uso emergencial do FDA, bem como aquelas em desenvolvimento, foram criadas usando a sequaªncia de pico original; estudos estãoem andamento para entender o quanto bem essas vacinas protegem contra as variantes que surgiram no Reino Unido, áfrica do Sul e Brasil, todos os quais contem a mutação D614G. Trabalhos recentes de outros grupos sugerem que as vacinas iniciais com a forma de pico D614 podem proteger contra a forma de pico G614 mais recente, embora mais trabalho precise ser feito para entender como várias mutações podem interagir umas com as outras e impactar a resposta imune.

"A pesquisa que envolve este trabalho éessencial para compreender asmudanças na biologia que uma determinada variante viral pode demonstrar", disse o coautor Benjamin tenOever, Professor de Medicina Fishberg, Icahn Scholar e Professor de Microbiologia na Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai . "No momento, estamos avaçando com estudos semelhantes para estudar as variantes que surgiram no Reino Unido, no Brasil e na áfrica do Sul."

 

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