Tecnologia Científica

Transformando a luz do sol em alimentos e combusta­veis - com um dispositivo de mesa
A fotossa­ntese artificial éa tentativa da humanidade de replicar esse processo para criar de forma sustenta¡vel combusta­veis limpos e fertilizantes agra­colas - todos movidos a energia solar.
Por Jim Shelton - 14/03/2021


Prota³tipo de dispositivo de fotossa­ntese artificial de mesa.

a‰ possí­vel que a fotossa­ntese artificial esteja logo ali.

A fotossa­ntese éo processo natural pelo qual a luz solar divide as moléculas de águaem oxigaªnio, pra³tons e elanãtrons e reduz o dia³xido de carbono a carboidratos. A fotossa­ntese artificial éa tentativa da humanidade de replicar esse processo para criar de forma sustenta¡vel combusta­veis limpos e fertilizantes agra­colas - todos movidos a energia solar.

Victor Batista, o professor de química John Randolph Huffman e membro do corpo docente do Instituto de Ciências da Energia em Yale West Campus, faz parte de um novo projeto multi-institucional que deu um salto drama¡tico no aproveitamento da fotossa­ntese artificial.

O projeto - que recentemente recebeu uma doação de US $ 6,25 milhões do Departamento de Defesa dos Estados Unidos - já produziu um dispositivo de mesa capaz de operar por mais de 3.000 horas sem qualquer degradação. O dispositivo - sob luz solar visível em temperatura ambiente - écapaz de converter metano no benzeno qua­mico intermediário e reduzir o nitrogaªnio em ama´nia, um importante bloco de construção do fertilizante.

Batista conversou sobre o projeto e seu potencial. A entrevista foi editada e condensada.

Em termos gerais, por que vocêe seus colegas estãointeressados ​​na fotossa­ntese artificial?

A ideia, o principal desafio para nós, éusar a luz solar para fazer reações químicas. O mundo atualmente depende de recursos energanãticos insustenta¡veis. Estamos tentando mudar a forma como alimentamos nossa economia - evitando o uso de petra³leo e reações poluentes de carbono. Queremos usar luz solar, que seja limpa e amiga do ambiente.

Existem muitos laboratórios em todo o mundo investigando a fotossa­ntese artificial. O que torna sua abordagem diferente?

A principal diferença tem a ver com os materiais semicondutores que estamos explorando como a plataforma para a divisão da águae o ini­cio das reações químicas. Em parceria com a Universidade de Michigan, a Universidade da Califórnia em Santa Ba¡rbara e a Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Yale estãoprocurando nanoestruturas de nitreto de ga¡lio especialmente preparadas como a plataforma ideal para a fotossa­ntese artificial.

O nitreto de ga¡lio pode ser um semicondutor de alta qualidade que nos da¡ controle sobre a seletividade das reações e a pureza dos produtos gerados por reações fotoquímicas. a‰ uma abordagem que já produziu resultados preliminares fanta¡sticos, em termos de conversão de nitrogaªnio em ama´nia - um ingrediente chave em fertilizantes - e a conversão de metano em benzeno.

Quais são os usos comuns do benzeno?

O benzeno éuma matéria-prima química importante para uma ampla gama de aplicações, incluindo polímeros, pla¡sticos, resinas, adesivos, lubrificantes, corantes e medicamentos. No ano passado teve uma produção mundial de 50 milhões de toneladas.

Atualmente éfeito por uma reação de hidrocarbonetos e hidrogaªnio em alta temperatura e pressão [500 a 525 graus Celsius e pressaµes que variam de 8 a 50 atm]. Com nosso dispositivo, estamos produzindo benzeno com luz solar em temperatura ambiente e pressão normal. A ressalva éque ainda não entendemos o mecanismo e, portanto, como escalona¡-lo para a produção em larga escala.

Em termos práticos, como funciona o seu dispositivo?

Vocaª deve ver o prota³tipo que desenvolvemos. a‰ incrivelmente simples.

O dispositivo fotocatala­tico absorve luz solar para separar cargas nasuperfÍcie de fotoeletrodos de nitreto de ga¡lio de alta qualidade. As cargas são passadas para um catalisador de metal nasuperfÍcie onde ocorre a reação. Ao exporsuperfÍcies especa­ficas de nitreto de ga¡lio, com impurezas especa­ficas, podemos alcana§ar seletividade dos produtos gerados.

Qual éo papel de Yale no projeto?

Este éum resultado de engenharia que requer mais pesquisas para entender por que funciona e como torna¡-lo ainda melhor com maior eficiência. A contribuição de Yale éo desenvolvimento de técnicas de modelagem computacional que nos dara£o modelos numanãricos desse catalisador e dos processos de reação resultantes - atéonívelmolecular.

Algo que me deixa muito feliz éque conseguimos convencer Bob Crabtree [Conkey P. Whitehead, professor de química de Yale] a ser um consultor saªnior neste projeto. Bob éum especialista em cata¡lise, que éum aspecto central do projeto.

O subsa­dio do Departamento de Defesa éde cinco anos. Sera¡ tempo suficiente para encontrar as respostas que vocêestãoprocurando?

Já temos um prota³tipo de dispositivo que vocêpode segurar nas ma£os. Tambanãm temos todas as técnicas de que precisamos para avana§ar totalmente em nosso entendimento. Estou muito animado com o que estamos tentando fazer.

Dada a ameaça existencial da mudança climática, vocêe seus colegas sentem uma sensação de urgência?

Eu diria simplesmente que esta éuma prioridade muito alta. Queremos liderar o esfora§o mundial na busca de maneiras via¡veis ​​de produzir combusta­veis e commodities com manãtodos sustenta¡veis. Queremos aprimorar nosso conhecimento e usa¡-lo para o bem da humanidade.

 

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