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Enterrado sob 20 quila´metros de gelo, o oceano subterra¢neo de Enceladus - uma das luas de Saturno - parece estar agitado com correntes semelhantes a s da Terra.
A teoria, derivada da forma da concha de gelo de Enceladus, desafia o pensamento atual de que o oceano global da lua éhomogaªneo, além de alguma mistura vertical impulsionada pelo calor do núcleo da lua.
Enceladus, uma pequena bola congelada com cerca de 500 quila´metros de dia¢metro (cerca de 1/7 do dia¢metro da lua da Terra), éa sexta maior lua de Saturno. Apesar de seu pequeno tamanho, Enceladus atraiu a atenção dos cientistas em 2014, quando um sobrevoo da Espaçonave Cassini descobriu evidaªncias de seu grande oceano subterra¢neo e amostras de águade erupções semelhantes a gaªiseres que ocorrem atravanãs de fissuras no gelo no polo sul. a‰ um dos poucos locais no sistema solar com águalaquida (outro éa lua de Jaºpiter, Europa), tornando-o um alvo de interesse para astrobia³logos em busca de sinais de vida.
O oceano em Enceladus équase totalmente diferente do da Terra. O oceano da Terra érelativamente raso (uma média de 3,6 km de profundidade), cobre três quartos dasuperfÍcie do planeta, émais quente no topo por causa dos raios do sol e mais frio nas profundezas perto do fundo do mar e tem correntes que são afetadas pelo vento; Enceladus, por sua vez, parece ter um oceano que abrange todo o globo e estãocompletamente abaixo dasuperfÍcie, com pelo menos 30 km de profundidade e éresfriado no topo perto da camada de gelo e aquecido na parte inferior pelo calor do núcleo da lua.
Apesar de suas diferenças, a estudante de graduação do Caltech Ana Lobo (MS '17) sugere que os oceanos em Enceladus tem correntes semelhantes a s da Terra. O trabalho se baseia em medições feitas pela Cassini e também na pesquisa de Andrew Thompson, professor de ciência ambiental e engenharia, que estuda a maneira como o gelo e a águainteragem para impulsionar a mistura dos oceanos ao redor da Anta¡rtica.
Os oceanos de Encanãlado e da Terra compartilham uma característica importante: são salgados. E, como mostram as descobertas publicadas na Nature Geoscience em 25 de mara§o, as variações na salinidade podem servir como impulsionadores da circulação do oceano em Enceladus, assim como fazem no Oceano Anta¡rtico da Terra, que circunda a Anta¡rtica.
Lobo e Thompson colaboraram no trabalho com Steven Vance e Saikiran Tharimena do JPL, que o Caltech gerencia para a NASA.
Medidas gravitacionais e ca¡lculos de calor da Cassini já haviam revelado que a camada de gelo émais fina nos polos do que no equador. As regiaµes de gelo fino nos polos estãoprovavelmente associadas ao derretimento e as regiaµes de gelo espesso no equador ao congelamento, diz Thompson. Isso afeta as correntes oceânicas: porque, quando a águasalgada congela, ela libera os sais e torna a águaao redor mais pesada, fazendo com que ela afunde. O oposto acontece nas regiaµes de fusão.
“Saber a distribuição do gelo nos permite colocar restrições aos padraµes de circulaçãoâ€, explica Lobo. Um modelo de computador idealizado, baseado nos estudos de Thompson da Anta¡rtica, sugere que as regiaµes de congelamento e derretimento, identificadas pela estrutura do gelo, seriam conectadas pelas correntes oceanicas. Isso criaria uma circulação do polo ao equador que influencia a distribuição de calor e nutrientes.
“Entender quais regiaµes do subsolo do oceano podem ser as mais hospitaleiras para a vida, como a conhecemos, pode um dia ajudar a buscar sinais de vidaâ€, diz Thompson.
O artigo éintitulado "Um oceano do polo ao equador derrubando a circulação em Encanãlado". Este trabalho foi apoiado pelo programa de Pesquisa Estratanãgica e Desenvolvimento de Tecnologia do JPL; o na³ Icy Worlds do Instituto de Astrobiologia da NASA; e a Fundação David e Lucile Packard.