Tecnologia Científica

Nuvens geladas poderiam ter mantido o ini­cio de Marte quente o suficiente para rios e lagos, segundo estudo
Um dos grandes mistanãrios da ciência espacial moderna éperfeitamente resumido pela visão do Perseverance da NASA, que acabou de pousar em Marte: hoje éum planeta deserto, e ainda assim o rover estãosentado ao lado de um antigo delta de um rio.
Por Universidade de Chicago - 26/04/2021


Ilustração do rover Perseverance da NASA em funcionamento na cratera Jezero de Marte. Crédito: NASA e JPL-Caltech.

Um dos grandes mistanãrios da ciência espacial moderna éperfeitamente resumido pela visão do Perseverance da NASA, que acabou de pousar em Marte: hoje éum planeta deserto, e ainda assim o rover estãosentado ao lado de um antigo delta de um rio.

A aparente contradição intrigou os cientistas por décadas, especialmente porque, ao mesmo tempo em que Marte tinha rios fluindo, recebia menos de um tera§o da luz solar que desfrutamos hoje na Terra.

Mas um novo estudo liderado pelo cientista planetario da Universidade de Chicago Kite, professor assistente de ciências geofa­sicas e especialista em climas de outros mundos, usa um modelo de computador para apresentar uma explicação promissora: Marte poderia ter tido uma fina camada de gelo, alta - nuvens de altitude que causaram um efeito estufa .

"Houve uma desconexão embaraa§osa entre nossas evidaªncias e nossa capacidade de explica¡-las em termos de física e química", disse Kite. "Essa hipa³tese ajuda muito a fechar essa lacuna."

Das maºltiplas explicações apresentadas pelos cientistas, nenhuma funcionou direito. Por exemplo, alguns sugeriram que uma colisão de um grande asteroide poderia ter liberado energia cinanãtica suficiente para aquecer o planeta. Mas outros ca¡lculos mostraram que esse efeito duraria apenas um ou dois anos - e os rastros de rios e lagos antigos mostram que o aquecimento provavelmente persistiu por pelo menos centenas de anos.

Kite e seus colegas queriam revisitar uma explicação alternativa: Nuvens de grande altitude, como cirros na Terra. Mesmo uma pequena quantidade de nuvens na atmosfera pode aumentar significativamente a temperatura de um planeta, um efeito estufa semelhante ao dia³xido de carbono na atmosfera.

A ideia foi proposta pela primeira vez em 2013, mas foi largamente posta de lado porque, Kite disse, "foi argumentado que são funcionaria se as nuvens tivessem propriedades implausa­veis." Por exemplo, os modelos sugeriram que a águateria que permanecer por muito tempo na atmosfera - muito mais do que normalmente ocorre na Terra - de modo que toda a perspectiva parecia improva¡vel.

Usando um modelo 3D da atmosfera de todo o planeta, Kite e sua equipe começam a trabalhar. A pea§a que faltava, eles descobriram, era a quantidade de gelo no cha£o. Se houvesse gelo cobrindo grandes porções de Marte, isso criaria uma umidade superficial que favorece as nuvens de baixa altitude, que não aquecem muito os planetas (ou podem atéresfria¡-los, porque as nuvens refletem a luz do sol para longe do planeta).
 
Mas se houver apenas manchas de gelo, como nos polos e no topo das montanhas, o ar no solo se tornara¡ muito mais seco. Essas condições favorecem uma alta camada de nuvens - nuvens que tendem a aquecer os planetas com mais facilidade.

Os resultados do modelo mostraram que os cientistas podem ter que descartar algumas suposições cruciais com base em nosso pra³prio planeta particular.

"No modelo, essas nuvens se comportam de uma maneira muito diferente da Terra", disse Kite. "Construir modelos com base na intuição terrestre simplesmente não funcionara¡, porque isso não énada semelhante ao ciclo da águada Terra , que move a águarapidamente entre a atmosfera e asuperfÍcie."

Aqui na Terra, onde a águacobre quase três quartos dasuperfÍcie, a águase move de forma rápida e desigual entre o oceano e a atmosfera e a terra - movendo-se em redemoinhos e redemoinhos que significam que alguns lugares estãoquase todos secos (o Saara) e outros estãoencharcados (a Amaza´nia ) Em contraste, mesmo no auge de sua habitabilidade, Marte tinha muito menos águaem suasuperfÍcie. Quando o vapor d' águachega a  atmosfera, no modelo de Kite, ele perdura.

"Nosso modelo sugere que, uma vez que a águase movesse para a atmosfera marciana primitiva, ela permaneceria la¡ por um bom tempo - mais perto de um ano - e isso cria as condições para nuvens de alta altitude de vida longa ", disse Kite.

O rover Perseverance recanãm-pousado da NASA deve ser capaz de testar essa ideia de várias maneiras, também, como analisando seixos para reconstruir a pressão atmosfanãrica passada em Marte.

Compreender a história completa de como Marte ganhou e perdeu seu calor e atmosfera pode ajudar a informar a busca por outros mundos habita¡veis, disseram os cientistas.

"Marte éimportante porque éo aºnico planeta que conhecemos que tinha a capacidade de sustentar vida - e depois a perdeu", disse Kite. "A estabilidade climática de longo prazo da Terra énota¡vel. Queremos entender todas as maneiras pelas quais a estabilidade climática de longo prazo de um planeta pode ser interrompida - e todas as maneiras (não apenas da Terra) que pode ser mantida. Esta busca define o novo campo de habitabilidade planeta¡ria comparativa. "

 

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