Uma nova pesquisa adiciona uma ruga a nossa compreensão das origens da matéria na Via La¡ctea
Aprender mais sobre como os raios ca³smicos se movem pela gala¡xia ajuda a resolver uma questãofundamental e persistente na astrofasica: como a matéria égerada e distribuada pelo universo?

Domanio paºblico
Novas descobertas publicadas esta semana na Physical Review Letters sugerem que os raios ca³smicos de carbono, oxigaªnio e hidrogaªnio viajam pela gala¡xia em direção a Terra de maneira semelhante, mas, surpreendentemente, o ferro chega a Terra de maneira diferente. Aprender mais sobre como os raios ca³smicos se movem pela gala¡xia ajuda a resolver uma questãofundamental e persistente na astrofasica: como a matéria égerada e distribuada pelo universo?
"Então o que essa descoberta significa?" pergunta John Krizmanic, um cientista saªnior do Centro de Ciência e Tecnologia Espacial da UMBC (CSST). "Esses são indicadores de que algo interessante estãoacontecendo. E o que éinteressante éque teremos que ver."
Os raios ca³smicos são núcleos ata´micos - a¡tomos desprovidos de seus elanãtrons - que estãoconstantemente zunindo pelo espaço quase a velocidade da luz. Eles entram na atmosfera da Terra com energias extremamente altas. Informações sobre esses raios ca³smicos podem dar aos cientistas pistas sobre de onde eles vieram na gala¡xia e que tipo de evento os gerou.
Um instrumento na Estação Espacial Internacional (ISS) chamado Telescópio Eletra´nico Calorimanãtrico (CALET) vem coletando dados sobre raios ca³smicos desde 2015. Os dados incluem detalhes como quantos e quais tipos de a¡tomos estãochegando e quanta energia eles ' estãochegando com. As equipes americanas, italianas e japonesas que gerenciam o CALET, incluindo Krizmanic da UMBC e o pa³s-doutorado Nick Cannady, colaboraram na nova pesquisa.
Ferro em movimento
Os raios ca³smicos chegam a Terra de outras partes da gala¡xia com uma grande variedade de energias - de 1 bilha£o de volts a 100 bilhaµes de bilhaµes de volts. O instrumento CALET éum dos poucos no espaço que écapaz de fornecer detalhes finos sobre os raios ca³smicos que detecta. Um gra¡fico chamado espectro de raios ca³smicos mostra quantos raios ca³smicos estãochegando ao detector em cadanívelde energia. Os espectros para os raios ca³smicos de carbono, oxigaªnio e hidrogaªnio são muito semelhantes, mas a principal descoberta do novo artigo éque o espectro do ferro ésignificativamente diferente.
Existem várias possibilidades para explicar as diferenças entre o ferro e os três elementos mais leves. Os raios ca³smicos podem acelerar e viajar atravanãs da gala¡xia de forma diferente, embora os cientistas geralmente acreditem que entendem o último, Krizmanic diz.
"Algo que precisa ser enfatizado éque a maneira como os elementos chegam das fontes a nosédiferente, mas pode ser que as fontes também sejam diferentes", acrescenta Michael Cherry, professor emanãrito de física da Louisiana State University (LSU) e um coautor no novo artigo. Os cientistas geralmente acreditam que os raios ca³smicos se originam de estrelas em explosão (supernovas), mas estrelas de naªutrons ou estrelas muito massivas podem ser outras fontes potenciais.
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Precisão de pra³ximo navel
Um instrumento como o CALET éimportante para responder a perguntas sobre como os raios ca³smicos se aceleram e viajam, e de onde eles vão. Instrumentos no solo ou balaµes voando alto na atmosfera da Terra foram a principal fonte de dados de raios ca³smicos no passado. Mas quando os raios ca³smicos alcana§am esses instrumentos, eles já interagiram com a atmosfera da Terra e se dividiram empartículas secunda¡rias . Com instrumentos baseados na Terra, équase impossível identificar precisamente quantos raios ca³smicos prima¡rios e quais elementos estãochegando, além de suas energias. Mas CALET, estando na ISS acima da atmosfera, pode medir aspartículas diretamente e distinguir elementos individuais com precisão.
O ferro éum elemento particularmente útil para analisar, explica Cannady, um pa³s-doutorado com CSST e ex-Ph.D. estudante com Cherry na LSU. Em seu caminho para a Terra, os raios ca³smicos podem se decompor empartículas secunda¡rias e pode ser difacil distinguir entre aspartículas originais ejetadas de uma fonte (como uma supernova) e aspartículas secunda¡rias. Isso complica as deduções sobre a origem das partículas
“Amedida que as coisas interagem a caminho de nós, vocêobtera¡ essencialmente conversaµes de um elemento para outroâ€, diz Cannady. "O ferro éaºnico, sendo uma das coisas mais pesadas que podem ser sintetizadas na evolução estelar regular, temos quase certeza de que épraticamente todos os raios ca³smicos prima¡rios. a‰ o aºnico raio ca³smico prima¡rio puro, enquanto com outros você' vou ter alguns componentes secunda¡rios alimentando isso também. "
"Feito de poeira estelar"
Medir os raios ca³smicos da¡ aos cientistas uma visão única dos processos de alta energia que acontecem em lugares distantes. Os raios ca³smicos que chegam a CALET representam "a matéria de que somos feitos. Somos feitos de poeira estelar", diz Cherry. "E fontes energanãticas, coisas como supernovas, ejetam esse material de seus interiores, para a gala¡xia, onde édistribuado, forma novos planetas, sistemas solares e ... nós."
"O estudo dos raios ca³smicos éo estudo de como o universo gera e distribui matéria e como isso afeta a evolução da gala¡xia", acrescenta Krizmanic. "Então, na verdade, éestudar a astrofasica desse motor que chamamos de Via La¡ctea que estãolana§ando todos esses elementos ao redor."
Um esfora§o global
A agaªncia espacial japonesa lançou o CALET e hoje lidera a missão em colaboração com as equipes dos Estados Unidos e da Ita¡lia. Nos EUA, a equipe do CALET inclui pesquisadores da LSU; Centro de Voo Espacial Goddard da NASA; UMBC; Universidade de Maryland, College Park; Universidade de Denver; e a Washington University. O novo artigo éo quinto desta colaboração internacional altamente bem-sucedida publicada na PRL, uma das revistas de física de maior prestagio.
CALET foi otimizado para detectar elanãtrons de raios ca³smicos, porque seu espectro pode conter informações sobre suas fontes. Isso éespecialmente verdadeiro para fontes que estãorelativamente próximas da Terra em termos gala¡cticos: a menos de um triganãsimo da distância atravanãs da Via La¡ctea. Mas CALET também detecta os núcleos ata´micos dos raios ca³smicos com muita precisão. Agora, esses núcleos estãooferecendo informações importantes sobre as fontes dos raios ca³smicos e como eles chegaram a Terra.
"Nãoespera¡vamos que os núcleos - o carbono, o oxigaªnio, os pra³tons, o ferro - realmente comea§assem a mostrar algumas dessas diferenças detalhadas que apontam claramente para coisas que não sabemos", diz Cherry.
A última descoberta cria mais perguntas do que respostas, enfatizando que ainda hámais para aprender sobre como a matéria égerada e se move pela gala¡xia. "Essa éuma questãofundamental: como vocêcria matéria?" Krizmanic diz. Mas, ele acrescenta: "Esse éo motivo pelo qual entramos neste nega³cio, para tentar entender mais sobre como o universo funciona."