Tecnologia Científica

Ferramenta desenvolvida na Unicamp auxilia em pesquisas sobre fake news no Whatsapp
Por meio da análise de conversaa§aµes, o Qualichat permite a obtena§a£o de dados como nota­cias e temas mais compartilhados no grupo estudado, pessoas envolvidas, sa­mbolos comumente utilizados e especificidades temporais da linguagem
Por Liana Coll - 28/07/2021


Pa³s-doutorando do IEL, Fernando Cavalcante, éo responsável pelo desenvolvimento software Qualichat

O software Qualichat, desenvolvido na Unicamp com o objetivo de ser uma ferramenta de combate a s fake news, estãocom chamada aberta para pesquisadores que desejem utiliza¡-lo. A chamada inclui também tutoriais acerca do uso da ferramenta, que foi desenvolvida pelo pa³s-doutorando do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Fernando Nobre Cavalcante. Atravanãs do software, pesquisadores podem realizar análises de grupos do aplicativo WhatsApp, de forma gratuita.

Por meio da análise de conversações, o Qualichat permite a obtenção de dados como nota­cias e temas mais compartilhados no grupo estudado, pessoas envolvidas, sa­mbolos comumente utilizados e especificidades temporais da linguagem, explica Fernando. O pesquisador exemplifica a importa¢ncia das funcionalidades do software a partir do contexto atual, de circulação de desinformações a respeito da pandemia. “Dados da Fiocruz revelam que 10,5% das nota­cias falsas sobre Covid-19 foram publicadas no Instagram, 15,8% no Facebook e 73,7% circuladas pelo WhatsApp. Nesse contexto, o Qualichat éuma ferramenta importante no combate a  desinformação”, avalia.

O software estãodispona­vel para a utilização de qualquer pessoa, atravanãs da linguagem aberta Phyton. No entanto, o pesquisador pontua que a chamada, aberta atéo dia 31 de julho, tem o objetivo de oferecer também suporte a  utilização, com a realização de tutoriais. “Detectar a opinia£o pública em grupos éo objetivo do nosso pacote computacional gratuito para pesquisadores”, diz Fernando. Ele também pontua que a ferramenta segue sendo aperfeia§oada, e o passo seguinte serálana§ar uma funcionalidade que possa detectar a presença de robôs, os chamados bots, no Whatsapp.

O software não coleta ou armazena dados, estando em alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados e com a General Regulation of Data Protection (GDPR). 

Inscrições

Para efetuar a inscrição, os pesquisadores interessados devem ter pesquisas previamente aprovadas em comitaªs de anãtica de universidades. O cadastro pode ser realizado atéo dia 31 de julho, atravanãs de formula¡rio dispona­vel no site do Laborata³rio de Opinia£o Paºblica Ernest Manheim, do qual Fernando éfundador: https://ernestmanheim.com.br/index.php/qualichat/. A partir de agosto de 2021, o Laborata³rio realizara¡ atividades gratuitas sobre programação ba¡sica na linguagem Python, utilizando o pacote computacional. 

Alinhando pesquisas qualitativas e quantitativas

O software Qualichat édesenvolvido por uma rede de pesquisadoras e pesquisadores da tema¡tica Humanidades Digitais e Pa³s-Humanismos do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp sob a supervisão do professor livre-docente Marcelo Buzato, que explica a importa¢ncia de uma ferramenta como essa em pesquisas qualitativas. “Esses manãtodos digitais são muito aºteis para entender as conversas muito grandes. Vocaª tem milhões de pessoas conversando e existem sentidos ali que são coletivos e que se constroem de um jeito que vocênão consegue capturar sem usar manãtodos quantitativos fortes”, diz o professor.

O docente também ressalta a releva¢ncia da unia£o de manãtodos qualitativos e quantitativos, e afirma que o Qualichat  contribui ao fazer essa ponte. “a‰ muito importante a gente encontrar manãtodos que permitam essa conversa entre ciências humanas e exatas, e isso vai passar por encontrar manãtodos quantitativos e qualitativos. A aplicação do Qualichat e outras vão num quadro interessante para não cair num reducionismo de quantitativo duro, mas ao mesmo tempo da¡ conta da quantidade de coisas que acontecem”, diz.

O projeto também éresultado de debate com o Laborata³rio de Hista³ria da Comunicação e Mudanças da Ma­dia da Universidade de Bremen, na Alemanha, e recebeu investimentos da Associação de Ciências Pola­ticas dos Estados Unidos para os custos do desenvolvimento.

 

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