Tecnologia Científica

A próxima geração de plantas brilhantes
Usando nanoparta­culas que armazenam e liberam luz gradualmente, os engenheiros criam plantas emissoras de luz que podem ser carregadas repetidamente.
Por Anne Trafton - 19/09/2021


Usando nanoparta­culas especializadas embutidas nas folhas das plantas, os engenheiros do MIT criaram uma nova planta emissora de luz que pode ser carregada por um LED. Nesta imagem, as partes verdes são as nanoparta­culas que foram agregadas nasuperfÍcie do tecido mesofilo esponjoso dentro das folhas da planta. Créditos: Cortesia dos pesquisadores

Usando nanoparta­culas especializadas embutidas em folhas de plantas, os engenheiros do MIT criaram uma planta emissora de luz que pode ser carregada por um LED. Apa³s 10 segundos de carregamento, as plantas brilham intensamente por vários minutos e podem ser recarregadas repetidamente.

Essas plantas podem produzir luz 10 vezes mais brilhante do que a primeira geração de plantas brilhantes que o grupo de pesquisa relatou em 2017.

“Quera­amos criar uma planta emissora de luz compartículas que absorvessem luz, armazenassem parte dela e a emitissem gradualmente”, diz Michael Strano, o professor de Engenharia Quí­mica da Carbon P. Dubbs no MIT e autor saªnior do novo estude. “Este éum grande passo em direção a  iluminação baseada em plantas.”

“Criar luz ambiente com a energia química renova¡vel de plantas vivas éuma ideia ousada”, diz Sheila Kennedy, professora de arquitetura do MIT e autora do artigo que trabalhou com o grupo de Strano em iluminação baseada em plantas. “Representa uma mudança fundamental na forma como pensamos sobre plantas vivas e energia elanãtrica para iluminação.”

Aspartículas também podem aumentar a produção de luz de qualquer outro tipo de planta emissora de luz, incluindo aquelas desenvolvidas originalmente pelo laboratório de Strano. Essas plantas usam nanoparta­culas contendo a enzima luciferase, encontrada nos vagalumes, para produzir luz. A capacidade de misturar e combinar nanoparta­culas funcionais inseridas em uma planta viva para produzir novas propriedades funcionais éum exemplo do campo emergente de "nanobia´nica vegetal".

Pavlo Gordiichuk, ex-pa³s-doutorado do MIT, éo principal autor do novo artigo, publicado na Science Advances .

Capacitor leve

O laboratório de Strano vem trabalhando hávários anos no novo campo da nanobia´nica de plantas, que visa dar a s plantas caracteri­sticas inovadoras incorporando-as a diferentes tipos de nanopartículas Sua primeira geração de plantas emissoras de luz continha nanoparta­culas que carregam luciferase e luciferina, que trabalham juntas para dar brilho aos vagalumes. Usando essaspartículas, os pesquisadores geraram plantas de agria£o que podiam emitir luz fraca, cerca de um milanãsimo da quantidade necessa¡ria para ler, por algumas horas.

No novo estudo, Strano e seus colegas queriam criar componentes que pudessem estender a duração da luz e torna¡-la mais brilhante. Eles tiveram a ideia de usar um capacitor, que éuma parte de um circuito elanãtrico que pode armazenar eletricidade e libera¡-la quando necessa¡rio. No caso de plantas brilhantes, um capacitor de luz pode ser usado para armazenar luz na forma de fa³tons e, em seguida, libera¡-la gradualmente com o tempo.

Para criar seu “capacitor de luz”, os pesquisadores decidiram usar um tipo de material conhecido como fa³sforo. Esses materiais podem absorver a luz visível ou ultravioleta e, em seguida, libera¡-la lentamente como um brilho fosforescente. Os pesquisadores usaram um composto chamado aluminato de estra´ncio, que pode ser formado em nanoparta­culas, como seu fa³sforo. Antes de incorpora¡-los a s plantas, os pesquisadores revestiram aspartículas com sa­lica, que protege a planta de danos.

Aspartículas, que tem várias centenas de nana´metros de dia¢metro, podem ser infundidas nas plantas por meio dos esta´matos - pequenos poros localizados nasuperfÍcie das folhas. Aspartículas se acumulam em uma camada esponjosa chamada mesofilo, onde formam uma pela­cula fina. A principal conclusão do novo estudo éque o mesofilo de uma planta viva pode ser feito para exibir essaspartículas fota´nicas sem prejudicar a planta ou sacrificar as propriedades de iluminação, dizem os pesquisadores.

Este filme pode absorver fa³tons da luz solar ou de um LED. Os pesquisadores mostraram que após 10 segundos de exposição ao LED azul, suas plantas podiam emitir luz por cerca de uma hora. A luz era mais brilhante nos primeiros cinco minutos e depois diminua­a gradualmente. As plantas podem ser recarregadas continuamente por pelo menos duas semanas, como a equipe demonstrou durante uma exposição experimental no Smithsonian Institute of Design em 2019.

“Precisamos ter uma luz intensa, fornecida como um pulso por alguns segundos, e que possa carrega¡-la”, diz Gordiichuk. “Tambanãm mostramos que podemos usar lentes grandes, como lentes de Fresnel, para transferir nossa luz amplificada a uma distância superior a um metro. Este éum bom passo para a criação de iluminação em uma escala que as pessoas possam usar. ”

“A exposição Plant Properties no Smithsonian demonstrou uma visão de futuro em que a infraestrutura de iluminação de plantas vivas éparte integrante dos Espaços onde as pessoas trabalham e vivem”, diz Kennedy. “Se as plantas vivas pudessem ser o ponto de partida de tecnologia avana§ada, as plantas poderiam substituir nossa rede de iluminação elanãtrica urbana insustenta¡vel para o benefa­cio maºtuo de todas as espanãcies dependentes de plantas - incluindo as pessoas.”

Iluminação em grande escala

Os pesquisadores do MIT descobriram que a abordagem do “capacitor de luz” pode funcionar em muitas espanãcies de plantas diferentes, incluindo manjerica£o, agria£o e tabaco, descobriram os pesquisadores. Eles também mostraram que podem iluminar as folhas de uma planta chamada orelha de elefante da Taila¢ndia, que pode ter mais de trinta centa­metros de largura - um tamanho que pode tornar as plantas aºteis como fonte de iluminação externa.

Os pesquisadores também investigaram se as nanoparta­culas interferem na função normal da planta. Eles descobriram que ao longo de um período de 10 dias, as plantas foram capazes de fotossintetizar normalmente e de evaporar a águaatravanãs de seus esta´matos. Uma vez que os experimentos terminaram, os pesquisadores foram capazes de extrair cerca de 60 por cento dos fa³sforos das plantas e reutiliza¡-los em outra planta.

Os pesquisadores do laboratório de Strano agora estãotrabalhando na combinação daspartículas do capacitor de luz de fa³sforo com as nanoparta­culas de luciferase que usaram em seu estudo de 2017, na esperana§a de que a combinação das duas tecnologias produza plantas que podem produzir uma luz ainda mais brilhante, por longos períodos de tempo.

A pesquisa foi financiada pela Thailand Magnolia Quality Development Corp., uma bolsa de pesquisa do professor Amar G. Bose, o Programa de Oportunidades de Pesquisa de Graduação Avana§ada do MIT, a Agência de Ciência, Pesquisa e Tecnologia de Cingapura, uma bolsa de estudos da Samsung e uma bolsa de pesquisa da Fundação Alema£ de Pesquisa .

 

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