Tecnologia Científica

Como asteroides, os ataques de cometas podem ter atrasado a evolução da atmosfera
Estudo realizado pela equipe do professor de Harvard revela que as colisaµes que paralisaram o crescimento do oxigaªnio no planeta são mais comuns do que se pensava
Por Juan Siliezar - 24/10/2021


Renderização arta­stica de um asteroide entrando na atmosfera da Terra. Ilustração fotogra¡fica: Dzika Mowka / iStock / NASA

Entre 2,5 e 4 bilhaµes de anos atrás, uma anãpoca conhecida como anãon arqueano, o clima da Terra muitas vezes poderia ser descrito como nublado com uma chance de asteroide.

Naquela anãpoca, não era incomum que asteroides ou cometas atingissem a Terra. Na verdade, os maiores, com mais de seis milhas de largura, alteraram a química da atmosfera primitiva do planeta. Embora tudo isso tenha sido geralmente aceito pelos gea³logos, o que não foi tão bem compreendido éa frequência com que esses grandes asteroides se chocariam e como exatamente a precipitação dos impactos afetou a atmosfera, especificamente os na­veis de oxigaªnio. Uma equipe de pesquisadores agora acredita ter algumas das respostas.

Em um novo estudo, Nadja Drabon, professora assistente de ciências terrestres e planeta¡rias de Harvard, fez parte de uma equipe que analisou vesta­gios de asteroides antigos e modelou os efeitos de suas colisaµes para mostrar que os ataques ocorreram com mais frequência do que se pensava anteriormente e pode ter atrasado quando o oxigaªnio começou a se acumular no planeta. Os novos modelos podem ajudar os cientistas a entender com mais precisão quando o planeta começou seu caminho para se tornar a Terra que conhecemos hoje.

“O oxigaªnio livre na atmosfera écrítico para qualquer ser vivo que usa a respiração para produzir energia”, disse Drabon. “Sem o acaºmulo de oxigaªnio na atmosfera provavelmente não existira­amos.”

O trabalho édescrito na Nature Geoscience e foi liderado por Simone Marchi, uma cientista pesquisadora saªnior do Southwest Research Institute em Boulder, Colorado.

Os pesquisadores descobriram que os modelos existentes de bombardeio planetario subestimam a frequência com que asteroides e cometas atingem a Terra. A nova taxa de colisão mais alta sugere que os impactadores atingem o planeta aproximadamente a cada 15 milhões de anos, cerca de 10 vezes mais do que os modelos atuais.

Os cientistas perceberam isso depois de analisar registros do que parecem ser pedaço s de rocha comuns. Na verdade, são evidaªncias antigas, conhecidas como esfanãrulas de impacto, que se formaram nas colisaµes de fogo cada vez que grandes asteroides ou cometas atingiam o planeta. A energia de cada impacto derreteu e vaporizou os materiais rochosos da crosta terrestre, lana§ando-os em uma nuvem gigante. Pequenas gota­culas de rocha derretida naquela nuvem se condensariam e se solidificariam, caindo de volta para a Terra comopartículas do tamanho de areia que se estabeleceriam de volta na crosta terrestre. Esses marcadores antigos são difa­ceis de encontrar, pois formam camadas na rocha que geralmente tem apenas cerca de 2,5 centa­metros.

“Vocaª basicamente faz longas caminhadas e olha para todas as rochas que pode encontrar porque aspartículas de impacto são muito pequenas”, disse Drabon. “Eles são facilmente perdidos.”


“Vocaª basicamente faz longas caminhadas e olha para todas as rochas que pode encontrar porque aspartículas de impacto são muito pequenas”, disse Drabon. “Eles são facilmente perdidos.”

Os cientistas, no entanto, conseguiram uma pausa. “Nos últimos anos, foram encontradas evidaªncias de uma sanãrie de impactos adicionais que não haviam sido reconhecidos antes”, disse Drabon.

Essas novas camadas esfanãricas aumentaram o número total de eventos de impacto conhecidos durante o ini­cio da Terra. Isso permitiu que a equipe do Southwest Research Institute atualizasse seus modelos de bombardeio para descobrir que a taxa de colisão havia sido subestimada.

Os pesquisadores então modelaram como todos esses impactos teriam influenciado a atmosfera. Eles descobriram essencialmente que os efeitos acumulados dos impactos de meteoritos por objetos maiores do que seis milhas provavelmente criaram um reservata³rio de oxigaªnio que sugou a maior parte do oxigaªnio da atmosfera.

As descobertas estãoalinhadas com o registro geola³gico, que mostra que os na­veis de oxigaªnio na atmosfera variaram, mas permaneceram relativamente baixos no ini­cio do anãon arqueano. Esse era o caso atécerca de 2,4 bilhaµes de anos atrás, durante o fim do período de tempo em que o bombardeio diminuiu. A Terra então passou por uma grande mudança na química dasuperfÍcie, desencadeada pelo aumento dos na­veis de oxigaªnio, conhecido como o Grande Evento de Oxidação.

“Com o passar do tempo, as colisaµes se tornaram cada vez menos frequentes e muito pequenas para alterar significativamente os na­veis de oxigaªnio pa³s-GOE”, disse Marchi em um comunicado. “A Terra estava em seu curso para se tornar o planeta atual.”

Drabon disse que os pra³ximos passos do projeto incluem colocar seu trabalho de modelagem em teste para ver o que eles podem modelar nas próprias rochas.

“Podemos realmente rastrear no registro da rocha como o oxigaªnio foi sugado para fora da atmosfera?” Drabon se perguntou.

 

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