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Gaia revela que a maioria das gala¡xias companheiras da Via La¡ctea são recanãm-chegadas ao nosso canto do Espaço
Nossa gala¡xia canibalizou várias gala¡xias ana£s em seu passado. Por exemplo, 8-10 bilhaµes de anos atrás, uma gala¡xia anãchamada Gaia-Enceladus foi absorvida pela Via La¡ctea.
Por Agência Espacial Europeia - 25/11/2021


Nossa gala¡xia, a Via La¡ctea, écercada por cerca de cinquenta gala¡xias ana£s. A maioria dessas gala¡xias são éidentifica¡vel por meio de telesca³pios e recebeu o nome da constelação em que aparecem no canãu (por exemplo, Draco, Escultor ou Lea£o). No entanto, as duas gala¡xias ana£s mais a³bvias são chamadas de Grande Nuvem de Magalha£es (LMC) e Pequena Nuvem de Magalha£es (SMC), e são facilmente visa­veis a olho nu. Tradicionalmente, essas gala¡xias ana£s foram consideradas satanãlites em a³rbita ao redor da Via La¡ctea por muitos bilhaµes de anos. Agora, no entanto, novos dados da Espaçonave Gaia da ESA mostraram que a maioria das gala¡xias ana£s estãopassando pela Via La¡ctea pela primeira vez. Isso força os astrônomos a reconsiderar a história da Via La¡ctea e como ela se formou, junto com a natureza e composição das próprias gala¡xias ana£s. Crédito: ESA / Gaia / DPAC, CC BY-SA 3.0 IGO

Dados da missão Gaia da ESA são reescrever a história da nossa gala¡xia, a Via La¡ctea. O que tradicionalmente foi pensado como gala¡xias satanãlites da Via La¡ctea, agora se revela serem, em sua maioria, recanãm-chegados ao nosso ambiente gala¡ctico.

Uma gala¡xia anãéuma coleção de milhares a vários bilhaµes de estrelas. Por décadas, acreditou-se amplamente que as gala¡xias ana£s que circundam a Via La¡ctea são satanãlites, o que significa que são capturadas em a³rbita ao redor de nossa gala¡xia e tem sido nossas companheiras constantes por bilhaµes de anos. Agora, os movimentos dessas gala¡xias ana£s foram calculados com uma precisão sem precedentes graças aos dados do terceiro lana§amento de dados de Gaia e os resultados são surpreendentes.

Frana§ois Hammer, Observatoire de Paris - UniversitéParis Sciences et Lettres, Frana§a, e colegas de toda a Europa e China, usaram os dados de Gaia para calcular os movimentos de 40 gala¡xias ana£s em torno da Via La¡ctea. Eles fizeram isso computando um conjunto de quantidades conhecidas como velocidades tridimensionais para cada gala¡xia e, em seguida, usando-as para calcular a energia orbital da gala¡xia e o momento angular (rotacional).

Eles descobriram que essas gala¡xias estãose movendo muito mais rápido do que as estrelas gigantes e aglomerados de estrelas que orbitam a Via La¡ctea. Ta£o rápido que eles não poderiam estar em a³rbita ao redor da Via La¡ctea, onde as interações com nossa gala¡xia e seu conteaºdo teriam minado sua energia orbital e momento angular .

Nossa gala¡xia canibalizou várias gala¡xias ana£s em seu passado. Por exemplo, 8-10 bilhaµes de anos atrás, uma gala¡xia anãchamada Gaia-Enceladus foi absorvida pela Via La¡ctea. Suas estrelas podem ser identificadas nos dados de Gaia por causa das a³rbitas excaªntricas e da gama de energias que possuem.

Mais recentemente, 4 a 5 bilhaµes de anos atrás, a gala¡xia anãSagita¡rio foi capturada pela Via La¡ctea e atualmente estãoem processo de ser fragmentada e assimilada. A energia de suas estrelas émaior que a de Gaia-Enceladus, indicando o menor tempo que estiveram sob a influaªncia da Via La¡ctea.

No caso das gala¡xias ana£s do novo estudo, que representam a maioria das gala¡xias ana£s ao redor da Via La¡ctea, suas energias são ainda mais altas. Isso sugere fortemente que eles são chegaram a  nossa vizinhana§a nos últimos bilhaµes de anos.
 
A descoberta reflete uma feita sobre a Grande Nuvem de Magalha£es (LMC), uma gala¡xia anãmaior, tão perto da Via La¡ctea que évisível como uma mancha de luz no canãu noturno do hemisfanãrio sul. O LMC também foi pensado para ser uma gala¡xia satanãlite da Via La¡ctea atéos anos 2000, quando os astrônomos mediram sua velocidade e descobriram que ele estava viajando muito rápido para ser vinculado gravitacionalmente. Em vez de um companheiro, LMC estãovisitando pela primeira vez. Agora sabemos que o mesmo se aplica a  maioria das gala¡xias ana£s.

Então, esses recanãm-chegados entrara£o em a³rbita ou simplesmente passara£o por nós? “Alguns deles sera£o capturados pela Via La¡ctea e se tornara£o satanãlites”, diz Frana§ois.

Mas dizer exatamente quais édifa­cil porque depende da massa exata da Via La¡ctea, e essa éuma quantidade que édifa­cil para os astrônomos calcularem com precisão real. As estimativas variam por um fator de dois.

A descoberta das energias das gala¡xias ana£s ésignificativa porque nos obriga a reavaliar a natureza das próprias gala¡xias ana£s.

Como uma gala¡xia anãorbita, a atração gravitacional da Via La¡ctea tentara¡ separa¡-la. Em física, isso éconhecido como força de maranã. "A Via La¡ctea éuma grande gala¡xia, então sua força de maréésimplesmente gigantesca e émuito fa¡cil destruir uma gala¡xia anãdepois de talvez uma ou duas passagens", diz Frana§ois.

Em outras palavras, tornar-se companheiro da Via La¡ctea éuma sentena§a de morte para as gala¡xias ana£s. A única coisa que poderia resistir ao controle destrutivo de nossa gala¡xia ése o anão tivesse uma quantidade significativa de matéria escura . A matéria escura éa substância misteriosa que os astrônomos acham que existe no universo para fornecer a gravidade extra para manter juntas as gala¡xias individuais.

E assim, na visão tradicional de que as ana£s da Via La¡ctea eram gala¡xias satanãlites que estiveram em a³rbita por muitos bilhaµes de anos, presumia-se que elas deveriam ser dominadas pela matéria escura para equilibrar a força das maranãs da Via La¡ctea e mantaª-las intactas. O fato de Gaia ter revelado que a maioria das gala¡xias ana£s estãocirculando a Via La¡ctea pela primeira vez significa que elas não precisam necessariamente incluir qualquer matéria escura, e devemos reavaliar se esses sistemas estãoem equila­brio ou melhor em processo de destruição.

"Graças em grande parte a Gaia, agora éa³bvio que a história da Via La¡ctea émuito mais contada do que os astrônomos haviam entendido. Ao investigar essas pistas tentadoras, esperamos descobrir ainda mais os capa­tulos fascinantes do passado de nossa gala¡xia", diz Timo Prusti, Cientista do Projeto Gaia, ESA.

 

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