Tecnologia Científica

Produto a  base de alecrim-pimenta pode ser arma contra superfungo
Preocupaa§a£o sanita¡ria mundial desde 2009, pela resistência a medicamentos e infeca§aµes hospitalares, a Candida auris foi derrotada em testes in vivo por uma nanoestrutura com a³leo essencial da planta
Por Vinícius Botelho e Rita Stella - 21/02/2022


Cortesia
 
O a³leo essencial extraa­do do alecrim-pimenta, planta abundante no Nordeste, se mostrou eficaz no combate ao novo superfungo Candida auris. A confirmação vem de resultados promissores, recanãm-publicados pela revista Pharmaceutics, de estudo realizado em laboratórios da Faculdade de Ciências Farmacaªuticas de Ribeira£o Preto (FCFRP) da USP.

A nota­cia da forte atividade antimicrobiana da substância acontece num momento em que a Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria (Anvisa) acaba de informar a ocorraªncia do terceiro surto da Candida auris no Brasil. A espanãcie éconsiderada um superfungo por ser multirresistente aos antifúngicos comerciais, facilmente transmissa­vel e responsável por infecções hospitalares. Provoca febre alta, tontura, fadiga, aumento da frequência carda­aca, va´mitos e sepse, podendo ser fatal. Foi identificada em quase 50países pelos cinco continentes e, no Brasil, que conta com 18 casos confirmados, foi detectada pela primeira vez em dezembro de 2020.

Contra esse superfungo, as equipes da FCFRP, coordenadas pelos professores Wanderley Pereira Oliveira e Marcia Regina von Zeska Kress, apostam no a³leo essencial da Lippia sidoides, nome cienta­fico do alecrim-pimenta. A substância éobjeto das pesquisas do professor Oliveira desde 2007, quando começam os testes sobre as potencialidades bactericidas e fungicidas do a³leo essencial da Lippia sidoides.  

Afrente do Laborata³rio de P&D em Processos Farmacaªuticos (LAPROFAR) da FCFRP, Oliveira e seu time já possuem duas patentes de encapsulados deste a³leo essencial, que servem como antimicrobianos para indaºstrias farmacaªutica, cosmanãtica e de alimentos. Agora, para enfrentar a Candida auris, o professor Oliveira e a pesquisadora e aluna de doutorado Iara Baldim usaram nanotecnologia e desenvolveram um novo produto: uma nanocamada (escala molecular) feita “a  base de sistemas lipa­dicos” que envolve o a³leo essencial.

A tecnologia, garantem, maximiza o potencial de uso da substância ativa do alecrim-pimenta, diminuindo a toxicidade e aumentando tanto a estabilidade quanto a atividade antimicrobiana. Afirmam ainda que os ensaios realizados encontraram onívelideal de concentração da substância ativa que éeficaz contra o fungo sem oferecer riscos ta³xicos ao organismo humano. A avaliação da atividade antimicrobiana e da toxicidade do novo produto ficou a cargo do laboratório da professora Ma¡rcia e dos pesquisadores Mario Paziani e Patra­cia Baria£o.

Encapsulamento torna produto via¡vel

O alecrim-pimenta éuma planta utilizada na medicina popular como antimicrobiano e antifaºngico. Apesar das propriedades benanãficas, o a³leo essencial do alecrim-pimenta pode causar irritações na pele e reações alanãrgicas que são evitadas com o encapsulamento. Além dessa, outra vantagem do sistema criado pelo Laprofar éo aumento da eficiência do produto já que o a³leo essencial évola¡til e perde suas caracteri­sticas originais quando exposto aos fatores ambientais, como calor, oxigaªnio e radiação solar.

Eficaz contra diversos microrganismos

Para entender o funcionamento do a³leo essencial, diversos testes foram realizados, mapeando seu mecanismo geral de ação e, em especa­fico, contra o superfungo. Apesar de os estudos não terem elucidado plenamente esses mecanismos, Oliveira diz que os resultados atéo momento garantem que o a³leo essencial do alecrim-pimenta émulticomponente e pode atuar de diferentes maneiras ao mesmo tempo, inibindo o crescimento do fungo e de outras bactanãrias por diversos mecanismos.

Alternativas para doenças resistentes a medicamentos

Os pra³ximos passos devem transformar o a³leo essencial do alecrim-pimenta em terapia, já que “os sistemas produzidos tem se mostrado eficazes para o controle de patógenos resistentes a medicamentos”, diz Oliveira. 

Estudos sobre o comportamento do produto no sistema gastrointestinal (para administração via oral) e permeação transdanãrmica (via ta³pica) são alguns alvos iniciais para o uso do produto como medicação. Tambanãm existe a possibilidade de associar o produto a medicamentos tradicionais, contribuindo para minimizar a resistência do fungo.

O pesquisador informa ainda que diversas pesquisas estãoem andamento para “avaliar possa­veis comportamentos sinanãrgicos entre as nanoparta­culas e medicamentos tradicionais na eliminação da resistência de microrganismos resistentes”, desenvolvendo assim novas formas de tratamento para infecções nosocomiais, como éo caso da Candida auris.

 

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